sexta-feira, 9 de maio de 2014

A Doutrina do Pecado



A Doutrina do Pecado



A terceira divisão da Teologia Sistemática é Hamartiologia, a doutrina do pecado. Esta divisão recebeu seu nome científico de “hamartia”, a palavra grega para “pecado”.
A doutrina do pecado segue naturalmente a doutrina de Deus e a doutrina do homem. As duas primeiras forma o alicerce para a terceira. Deus, homem, pecado - esta é a ordem lógica. Encontra-se esta progressão de pensamento nos temas dos primeiros três capítulos da Bíblia. Gênesis 1 concerne a Deus o Criador, Gênesis 2 descreve a formação do homem; Gênesis 3 relata o origem do pecado.

Teologia revela Deus como Criador. Antropologia revela o homem como criatura de Deus. Hamartiologia figura a raça humana como revoltosa contra Deus. O pecado designa a relação dilacerada entre a criatura e o Criador, homem e Deus.
Antropologia e Hamartiologia estão conectados. Em antropologia nós estudamos a natureza física do homem; em hamartiologia nós estudaremos a natureza moral do homem. Antropologia mostrou a relação do homem para com Deus o doador da vida; hamartiologia mostrará a sua relação com o Rei, Legislador e Juiz. A anterior figura o homem como mortal; a última o figura como pecador. O homem como mortal precisa de Cristo como a Ressurreição e Vida. 

O homem como pecador precisa de Cristo como Sacrifício e Senhor. Antropologia mostra a necessidade da ressurreição de Cristo para a imortalidade. Hamartiologia mostra a necessidade da morte de Cristo como Sacrifício pelo pecador.
A doutrina do pecado está intimamente associada à doutrina da salvação. Salvação é o processo mediante o qual Deus salva o homem do pecado e seus resultados. Pecado é a doença; salvação é o remédio. Pecado é o problema; salvação é a solução.  Pecado é a questão; salvação é a resposta. É o homem que pecou; é Deus quem salva. Hamartiologia mostra a necessidade do homem para a salvação; soteriologia revela a providência de Deus para a salvação através de Cristo.

            A Realidade do Pecado



Pecado é uma realidade trágica. Ele não é uma ilusão; ele tem existência atual. Este fato é reconhecido pela Bíblia, consciência, religiões da humanidade, história das nações, governos e literatura.
A Bíblia é um livro amplamente escrito sobre pecadores. Ela relata a história do primeiro pecado do homem, a terrível conseqüência do pecado na história humana, e o triunfo final sobre o pecado e sua remoção do universo. A Bíblia descreve o homem individual e a total raça humana como estando em pecado e sob condenação.

Algumas vezes os fotógrafos retocam fotografias para remover marcas, manchas e protuberâncias, mas a Bíblia mostra o homem como ele é. Ela não se empenha em ocultar a falha de seus heróis. Ela registra a embriagues de Noé, mentira de Abraão, assassinato e adultério de Davi, a negação de Pedro. Ela mostra os homens assim como eles são.

A Bíblia é um livro escrito por pecadores. A mensagem do evangelho para arrependimento e salvação é adereçada a pecadores. Ela direciona os homens ao Cordeiro de Deus, que Se entregou para salvar o perdido. A Bíblia em todo lugar figura o pecado como real e trágico.
O fato de que o pecado é uma realidade é reconhecido pelo testemunho de consciência e julgamento geral da humanidade. Muitas pessoas compreendem que elas não são o que deveriam ser. Em momentos de completa honestidade eles se reconhecem como pecadores. O homem julga a si e encontra culpa e condenação.

A religião da humanidade pressupõe a existência do pecado. Esta verdade pode ser vista no fato de que os sacrifícios com sangue, sacerdócios, e penitência sempre foram fatores importantes nas maiores religiões do mundo. O reconhecimento do pecado pode se verificar pelo grande sentimento de tristeza que caracteriza as religiões gentílicas. O gentio sabe do pecado, mas não de seu remédio.

É o pecado algo real? Perguntam os historiadores. A história das nações é o amplo registro da humanidade pecaminosa e a espantosa conseqüência do pecado. O fato de que a guerra existiu,  em tudo indica que alguém pecou. Se remover-se dos relatos históricos todos os incidentes que estavam relacionados de alguma forma ao pecado humano, restaria uma pequenina história.

Os governos humanos sabem da existência do pecado. Eles reconhecem a natureza pecaminosa do homem. Acordadamente, eles enaltecem leis e impõe penas no esforço de coibir a influência do pecado nas relações sociais. Se não houvesse pecado, não haveria necessidade de leis, algemas, policias, prisões; não haveria necessidade da própria proteção contra o crime. A literatura descreve o pecado como realidade. O pecado geral da humanidade é retratado na ficção e não ficção, poesia e prosa. Alguns pecados humanos são associados com o enredo de quase todo drama ou história.

Ele pode ser voraz ou invejoso. Ele pode ser assassino ou desejo. Ele pode ser egoísmo ou vingança. O fato do pecado está reconhecido por todo tipo de literatura, quer na mitologia grega, Shakespeare, ou ficção moderna. A realidade do pecado, por isso, é um fato observado na vida diária. Pode se olhar para quase qualquer lugar a qualquer tempo e se observar alguma evidência ou resultado do pecado. O pecado é uma trágica realidade.

            A Universalidade do Pecado

O pecado é universal. Todos os homens são pecadores; tudo do homem é pecaminoso. O pecado é universal entre os homens; ele é pleno dentro do homem. Se alguém desenhar um círculo para indicar a retidão, ele estaria vazio. Tudo estria excluído. Se alguém desenhar um círculo para indicar pecadores, ele estaria repleto. Todos estariam inclusos.

A universalidade do pecado é claramente ensinado por posições diretas na Bíblia. Todos os homens por nascimento natural são pecadores. É aparente, é claro, que Jesus é uma exceção. “Todos nós somos como algo impuro, e toda nossa justiça são como trapos de imundície, e todos murchamos como uma folha; e nossas iniquidades, como o vento, nos leva.” (Isaias 64: 6). “O mundo todo jaz em impiedade.” (1 João 5: 19).

1 Reis 8: 46                          Não há homem que não peque
Salmos 14: 2, 3                    Ninguém que faça o bem
Salmos 53: 1- 3                    Não há ninguém que faça o bem
Salmos 130: 3                      Quem permanecerá?
Salmos 143: 2                      Nenhum homem vivente justificado
Provérbios 20: 9                  Quem pode dizer, eu sou puro de pecado?
Eclesiastes 7: 20                 Nenhum justo sobre a terra
Isaias 53: 6                           Todos nós como ovelhas errantes
Romanos 3: 9                       Todos estão debaixo do pecado
Romanos 3: 10                     Não há justo
Romanos 3: 12                     Não há quem faça o bem
Romanos 3:23                      Todos pecaram e não atingem
Romanos 5: 12                     Todos pecaram
Gálatas 3: 22                        Todos sob pecado
Tiago 3: 2                              Em muitas coisas ofendemos
1 João 1: 8, 10                     Se dissermos que não temos pecado

O fato de que o pecado é universal verifica-se pelo ensino Bíblico em que todos os homens sem Cristo estão sob condenação e ira. “Aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus está sobre ele.”       (João 3: 36).  “Por natureza os filhos da ira, assim como os outros” (Efésios 2: 3). “Portanto tu és inescusável, oh homem, a qualquer que julgas tu: pois onde julgas o outro, tu condenas a ti; pois tu que julgas fazes as mesmas coisas” (Romanos 2: 1). Todos os homens estão sob condenação ante Deus, pois todos os homens são pecadores.
A necessidade por arrependimento é universal porque o pecado é universal entre todos os homens. “E o tempo desta ignorância Deus tolera, mas agora ordena a todos os homens que se arrependam” (Atos 17: 30). O fato de que Deus ordena a todos os homens o arrependimento revela que todos os homens são pecadores. A verdade de que Cristo morreu por todos os homens, mostra que todos os homens são pecadores e necessitam de expiação que Ele providenciou. Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1: 29). “Ele é a propiciação por nossos pecados: e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo” (1 João 2: 2). “Quem se entregou a Si pelo resgate de todos” (1 Timóteo 2: 6). O fato de que o evangelho foi pregado a “toda criatura”(Marcos 16: 15) mostra que todos os homens são pecadores e necessitam ouvir o evangelho.

 A Culpa do Pecado




Pecado envolve culpa. Como pecadores todos os homens são culpados diante de Deus. O pecado é um fator em suas vidas, pelo qual são responsáveis e acusados. Eles merecem condenação e punição. Eles são “dignos de morte”. (Romanos 1: 32)

Culpa tem duplo significado: (1) A culpa refere-se ao fato de que o pecador atualmente comete pecado. Ele é um pecador pelo que ele é e pelo que tem feito. Ele não é inocente; ele é culpado. (2) A culpa significa que a pessoa que comete pecado merece punição. Ele é obrigado a satisfazer os requisitos da justiça de Deus para o pagamento da pena do pecado.

O primeiro significado da culpa é designado em teologia como “reatus culpae”; o segundo significado, como “reatus poenae”.  É com o segundo significado que a teologia é mais concernente.

Quando a Bíblia explica que a lei foi dada para que “toda boca se cale, e todo o mundo seja culpado diante de Deus”(Romanos 3: 19), ela se refere ao segundo significado da culpa. Culpa, portanto, é a relação do transgressor ao governo moral de Deus. Ela refere-se a condição e posição do pecador em vista do fato de que ele tem violado os padrões moral de Deus. As leis moral são expressas nos próprios atributos de Deus: santidade, amor e verdade. O pecado contradiz a natureza de Deus. A atitude divina em relação ao pecado deve ser condenação e ira.

O santo governo de Deus do universo, portanto, demanda a morte como pena para o pecado. Dizer que o pecador é culpado diante de Deus, é dizer que ele é objeto de desaprovação e condenação. Ele está exposto à ira de Deus que revela-se do céu pelo evangelho contra todos os ímpios e injustos. (Romanos 1: 18) Ele merece a punição; ele está obrigado a satisfazer a justiça de Deus.
A culpa do pecado pode ser removida somente pelo pagamento da pena do pecado, o que é a morte. A pena do pecado pode ser paga “pessoalmente” pelo pecador sendo destruído na segunda morte, ou pode ser paga “vicariamente” pelo sacrifício de Cristo. A primeira morte não remove a culpa do pecador. O pagamento completo pelo salário do pecado será efetuado pelo pecador quando ele for destruído na segunda morte.


                                   
Levantado para a vida na ressurreição final, os pecadores ainda estarão sob a condenação de Deus e Sua ira. O fato de suas culpas não terá mudado. Eles ainda serão cobrados pelos pecados que cometeram nesta vida. Eles serão julgados de acordo com as obras pecaminosas que cometem hoje. Na Segunda morte a pena pelo pecado será paga, mas o pecador terá sido destruído.

Por Seu plano de salvação, Deus providenciou um meio pelo qual a pena do pecado pudesse ser paga e o pecador perdoado pudesse viver pela eternidade. Jesus, o imaculado Filho de Deus, voluntariamente se tornou o Substituto do pecador. Sendo sem pecado, Jesus estava sem culpa pessoal. O fato de que Ele é perfeito Filho de Deus deu infinito valor ao Seu sacrifício. Sua morte, portanto, pode ser a substituta não meramente por um pecador ,mas por um infinito número de pecadores. Em outras palavras, o Cordeiro de Deus potencialmente anulou a culpa e pagou a pena do pecado por toda a raça humana. Os benefícios de Seu sacrifício atualmente, porém, se faz eficaz na vida do pecador somente quando ele se faz adequadamente relacionado com Cristo pela conversão. O sacrifício de Cristo providenciou a base pela qual Deus pode remover nossa culpa e nos declarar justos. Quando nós nos tornamos unidos a Cristo, Deus atualmente remove nossa culpa e imputa a justiça de Cristo sobre nós. “Pois ele se fez pecado por nós, o qual não conheceu pecado; pelo que podemos ser justos de Deus por ele” (II Cor. 5:21).

O pecado e culpa imputado a Cristo não era “reatus culpae”; mas sim “reatus poenal”. A culpa imputada ao nosso Substituto foi a culpa do segredo significado. Aquela culpa que refere-se ao fato histórico que o pecador pecou nunca pode ser transferida para outra pessoa. Fatos são fatos. Mesmo tendo a pessoa pecado ou não. O fato histórico é algo que pode ser desgostoso, mas não pode ser mudado. Embora o pecador possa ser perdoado e justificado, o fato de que o pecador atualmente pecou nunca pode ser alterado. Quando um homem experimenta a salvação, Deus retira a culpa como mérito de punição, mas ele não reescreve a biografia do pecador e coloca que o pecador nunca pecou .Algumas nações tentam reescrever a história distorcendo fatos, negando a ocorrência de certos eventos, e requerendo honra que pertencem a outros. A salvação pessoal habilita-se à mudança de possibilidades do futuro, mas não reescrever fatos históricos da vida que já aconteceram. Pela eternidade nada pode mudar o fato de que o crente glorificado em dia foi pecador.

A culpa que é imputada a Cristo e removida destes em Cristo é o que libera da obrigação pelo pagamento da pena do pecado. Quando se está em Cristo, não mais se está sob a desaprovação e ira de Deus. “Portanto não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.” (Rom. 8:1).
Todos os homens são pecadores; todos os homens são culpados diante de Deus. Ninguém naturalmente nasce um cristão. Ninguém, exceto Jesus, nasceu justo, sem culpa pelo pecado. O mundo todo é culpado diante de Deus. Todo indivíduo é nascido no círculo negro do pecado e condenação. Sem o sacrifício de Cristo, os pecadores estão “sem Cristo, sendo estrangeiros à comunidade de Israel e estranhos ao concerto da promessa, mas tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Efesios 2:12). Os homens permanecem sob a condenação e ira de Deus até que pessoalmente obtenham uma relação redentiva com Cristo.

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